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Foto do escritorKaren Cotta

A minha jornada na descoberta do meu propósito.

Atualizado: 7 de jul. de 2021


Em 2009, no auge dos meus 17 anos, tendo crescido na igreja e tendo sido ensinada por meus pais e meus avós sobre Jesus, eu ainda não havia vivido uma experiência pessoal com Deus. Eu sabia que ele existia, sabia que ele falava, sabia que ele era poderoso e amoroso, mas ainda não havia vivido nada disso.


Minha primeira experiência com Deus aconteceu quando eu estava prestes a fazer as inscrições para o vestibular. De repente, eu precisava decidir a minha profissão e ela moldaria toda a minha vida. Para o que será que eu havia nascido? O que eu deveria estudar?


Eu sabia que tinha afinidade com as matérias de humanas, mas não tinha ideia de como encaixar isso na escolha da graduação. Direito? Jornalismo? Publicidade? Eu não conseguia escolher. A escolha era muito pesada, muito séria. Para piorar, todos os meus amigos já tinham certeza das suas escolhas. Eu me sentia perdida e com medo.


Num determinado dia eu estava me sentindo pior do que a média. Passei o dia todo sentindo como se uma mão pressionasse a minha garganta. Eu precisava fazer a inscrição do vestibular, escolher os cursos de interesse, mas não conseguia. A ansiedade era tanta que quando eu cheguei em casa depois da aula, só conseguia chorar.


Nessa hora eu me tranquei no quarto e comecei a falar com Deus toda a minha sinceridade. Eu disse “Deus, você diz que fala através da bíblia, não é? Então fala comigo! Eu preciso de uma resposta!”.


Nessa hora o Espírito Santo me respondeu, dizendo “Leia Josué”.

Eu não sei te explicar como foi que eu entendi, não foi audível, mas eu entendi.


Eu nunca havia lido o livro de Josué, então ignorei o que o Espirito Santo falou. Eu imaginava que Deus falaria comigo em Salmos, ou Apocalipse talvez? Continuei orando, e o Espírito Santo repetiu mais duas vezes “Leia Josué”.


Ok, não dava mais para resistir. Agora, imagine a minha surpresa ao ler os versículos 8 e 9:


Fale sempre do que está escrito no Livro da Lei. Estude esse livro dia e noite e se esforce para viver de acordo com tudo o que está escrito nele. Se fizer isso, tudo lhe correrá bem, e você terá sucesso. Lembre da minha ordem: “Seja forte e corajoso! Não fique desanimado, nem tenha medo, porque eu, o Senhor, seu Deus, estarei com você em qualquer lugar para onde você for!”


Por mais que eu soubesse que esse versículo está falando sobre a bíblia (ela é o livro da Lei), eu não ia fingir que aquilo era só uma coincidência, eu nunca nem havia lido esse versículo! Deus, em seu maravilhoso amor, sempre fala de uma forma que possamos entender. Era a minha resposta e eu soube disso. Direito, esse era o curso! E Deus estava prometendo estar ao meu lado em qualquer lugar para onde eu fosse.


E lá fui eu, extremamente feliz com aquela resposta! Eu acreditava que Deus havia revelado o meu propósito: estudar direito, ser advogada. Era assim que eu viveria para agradar a Ele, era assim que eu seria feliz!


Mas a empolgação não durou muito tempo. Lá pelo quinto período da faculdade, percebi que não gostava tanto assim das matérias do curso. Isso me deixou confusa e insegura novamente. Será que eu havia entendido certo? Novamente, eu orava e Deus confirmava que eu deveria seguir no curso. Eu pedia diversos sinais a Deus, as vezes era a nota de uma prova, ou uma matéria que não entrava na minha cabeça e de repente eu entendia. As vezes alguém aparecia na minha vida, um novo amigo ou um chefe num estágio, e essa pessoa me ajudava e me ensinava. Sempre que isso acontecia, eu sabia que era resposta de oração.


5 anos depois, chegou a hora da prova da OAB.


E nesse momento crucial para a carreira que Deus havia escolhido para mim, eu “coloquei Deus a prova”. Eu ainda não estava segura da direção de Deus. Fui sincera, falei que não queria estudar para a primeira fase de uma OAB, queria fazer a prova com o conhecimento que já tinha adquirido ao longo da faculdade, sem nenhum esforço extra. Essa seria a minha prova de que eu realmente estava pronta. Eu combinei com Ele: “Pai, quero acertar 50 questões. Com 40 ou 80 eu passo, sei disso, mas se eu acertar exatamente 50 vou saber que não foi sorte e sim resposta de oração”.


Eu acertei 50 questões.


E como Ele é Deus e nos dá muito mais do que a gente merece, também passei na segunda fase. Eu era oficialmente uma advogada.


Com tantos sinais e milagres eu deveria ficar feliz, não é? Convicta, talvez? Mas não foi bem por aí. Assim que fui aprovada na OAB, fui chamada por um grande escritório da minha cidade, fiz a entrevista na sexta de manhã, na hora do almoço eles me chamaram para começar na próxima segunda. 


Eu congelei. Tive uma das maiores crises de ansiedade da minha vida. 


Apesar de todas as provas de Deus, eu não me sentia pronta. Apesar do Senhor ter mostrado que estava comigo em cada passo, eu ainda tinha medo. Recusei a proposta, combinei com meus pais que ficaria em casa alguns meses, até decidir exatamente o que ia fazer com a minha vida.


Nesse tempo, nasceu o MGC. Foi uma época em que eu me afundei em Deus, me dediquei a estudar a bíblia. Eu estava focada em descobrir qual era o meu propósito. Eu não queria mais sentir medo, eu queria ter certeza.


Deus não me deu a resposta, mas na sua misericórdia, Ele me deu a direção. Eu entendi que precisava trabalhar em um lugar no qual pudesse aprender até me sentir segura. Ainda não era hora de assumir as responsabilidades sozinha, e tudo bem!


Procurei uma vaga e Deus abriu as portas. Durante 1 ano e meio eu trabalhei e trabalhei, sendo supervisionada e ensinada, até me sentir pronta.


Mas, neste mesmo tempo eu vivi um grande desânimo com a minha carreira. Foi neste tempo que eu vi a realidade de muitos advogados, que trabalham num ritmo absurdo e muito exigente. Eu vi minha saúde se deteriorar, não tive sabedoria para lidar com as pressões, trabalhei muito além do que deveria, sacrificando várias coisas importantes pelo caminho: saúde, amigos, e principalmente, o meu relacionamento com Deus.


Nesta época, quando eu parava para pensar na perspectiva de uma vida toda como advogada, logo me sentia triste e desanimada. Nada mudava quando eu pensava em todas as outras possíveis carreiras jurídicas. “Abrir meu escritório? Não. Jurídico interno de uma empresa? É concorrido demais. Concurso público? Não tenho nem o começo da força necessária pra estudar… “ Eu sentia que todas as opções eram desanimadoras, não tinha forças para perseguir nenhuma delas. Neste tempo eu não fazia nada além de trabalhar, e estava completamente infeliz no trabalho.


Um dia a minha falta de sabedoria cobrou um preço, e por não saber gerenciar o meu tempo, a minha saúde e os meus relacionamentos, eu fiquei doente. Isso me obrigou a parar de trabalhar.


Dois meses depois, além de estar fisicamente doente, eu tinha crises de ansiedade só de pensar em voltar a advogar. Era desesperador. Graças a Deus eu tive tempo para refletir, e novamente eu me afundei no Senhor, encontrei renovo e fui crescendo em sabedoria e intimidade.


Eu melhorei, meu corpo, minha mente e meu coração foram sarados pelo Senhor, no entanto a frustração com a profissão não foi embora.


Inúmeras vezes perguntei a Deus se deveria continuar naquele caminho, e todas as vezes Deus me mostrava que sim. Isso entristecia o meu coração, eu não conseguia entender o que Deus estava fazendo, mas repetia constantemente para mim mesma que a vontade do Senhor era boa, perfeita e agradável. Eu estava infeliz, mas sabia que deveria confiar na direção que Ele me deu.


Neste tempo muitos interesses afloraram, descobri que tinha muito prazer em estudar sobre autoconhecimento. Comecei a olhar para dentro de mim e encontrar coisas lindas que o Senhor havia plantado antes mesmo de eu nascer, e aos poucos, me via ajudando amigas e colegas com esses assuntos. Sonhei em trabalhar com isso, comecei, e parei diversos projetos. Pouco a pouco fui aprendendo a separar o trabalho do ministério, a profissão do propósito.


Chegou o tempo de voltar a trabalhar, novamente advogando. Desta vez decidi seguir em obediência. Orei e pedi constantemente a Deus que me desse um trabalho no qual eu encontrasse prazer, e me esforçava para não viver frustrada. Nos detalhes, Deus mostrava que estava comigo. O local de trabalho, os colegas, até mesmo a remuneração. Tudo era sinal do amor dEle por mim, e de que Ele estava cumprindo a promessa de seguir ao meu lado por onde quer que eu andasse.


No meu tempo livre eu me dedicava a estudar aquilo que me interessava, que me fazia bem. Não vou mentir, de tempos em tempos a frustração voltava, mas eu já havia entendido que não deveria “desconfiar de Deus”, porque Ele sabia o que estava fazendo. Então, com a ajuda da família e dos amigos eu orava, dividia o fardo, colocava novamente as minhas esperanças no Senhor, e seguia.


Meses se passaram, e eu aprendi a não cair nos mesmos erros de antes, pratiquei o equilíbrio, fui descobrindo como viver a vida conforme a vontade do Pai. Não de forma perfeita, mas de forma consciente, fui avançando pouco a pouco, pela graça e cuidado de Deus.


Até que um dia, quando eu menos esperava, o Deus que sempre nos surpreende colocou no meu colo uma oportunidade que eu nunca imaginei que teria.


Eu continuava trabalhando, me dedicando a obedecer, determinada a revelar o Senhor em tudo o que fazia. Eu já não estava procurando novas oportunidades de trabalho, queria apenas fazer o meu melhor onde estava.

Certo dia, alguém com quem eu havia trabalhado há muitos anos entrou em contato oferecendo uma indicação para um trabalho completamente diferente. Parecia tão bom que era absurdo. A princípio pensei: “Capaz, nunca vai dar certo”. Parecia tão improvável, tantas coisas teriam que se alinhar para que eu pudesse assumir aquela vaga que eu não conseguia acreditar que daria certo.


Nesse momento, meus amigos e minha família me deram aquele empurrãozinho discreto, do tipo “Você ora por isso há anos, vai lá e tenta!”. E a paz que excede todo o entendimento inundou o meu coração.


Movida por essa paz, fui lá e tentei. Em um mês eu fui contratada.


Lembro de ter recebido uma ligação no meio da tarde, depois de desligar, eu claramente ouvi o Espírito Santo me revelando o sentimento do coração de Deus naquele momento: “Nenhuma das suas lágrimas foi em vão, nenhuma das orações foi esquecida. Eu ouvi, Eu estive com você em cada etapa. Eu te amo e é por isso que estou te abençoando”.

Não preciso nem dizer que chorei, não é mesmo?


Comecei a trabalhar e logo notei que se eu não tivesse passado por tudo o que passei, jamais estaria pronta para esse novo desafio. Existem pressões, mas estou preparada para elas. Existem dificuldades, mas elas já não me assustam como antes. Dessa vez, o desafio me empolga! A atividade me anima! E finalmente consigo olhar para o meu futuro com expectativa!


Já não preciso ir ao trabalho por obediência ou responsabilidade, todos os dias eu acordo feliz e empolgada para trabalhar! Várias vezes por dia eu penso “Deus, o Senhor é maravilhoso! Obrigada”. Ás vezes, nem acredito que finalmente estou vivendo isso! (Pra quem está curiosa, hoje eu trabalho com consultoria jurídica, no departamento jurídico de uma empresa, numa atividade completamente diferente do que fazia quando advogava num escritório). 


Mas, esse trabalho que me faz tão feliz é o meu propósito? Não. Na realidade, se você me perguntar qual é o meu propósito, eu ainda não vou poder te responder. Tenho algumas pistas, sei que a minha profissão tem um papel muito importante nisso, mas Deus ainda não me revelou por completo. O que eu posso te dizer, é que já aprendi a identificar tudo aquilo que não é o meu propósito, já consigo entender o princípio e o fim de cada chamado, entendo a minha vocação, vejo os ministérios nos quais Deus me coloca e noto os dons que Deus me dá. Sabendo de tudo isso, percebo que Deus está me preparando para o tempo em que a revelação completa do propósito virá, e tenho me esforçado para estar pronta para esse momento!


Sigo caminhando, perseguindo a revelação, sei que tudo correrá bem, porque Ele está comigo em qualquer lugar para onde eu for!

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